Ao escrever esta história recorremos aos documentos originais e, em particular, a alguns manuscritos importantes; os registros manuscritos do Conselho de Genebra, as histórias manuscritas dos síndicos Roset e Gautier, o manuscrito dos Mamelus (mamelucos) e muitas cartas e documentos notáveis preservados nos Arquivos de Genebra. Também estudamos na biblioteca de Berna alguns manuscritos dos quais os historiadores até agora fizeram pouco ou nenhum uso; alguns deles foram indicados nas notas, outros serão mencionados a seguir.
Além destas fontes originais, aproveitamos escritos e documentos de grande interesse pertencentes ao século XVI, e recentemente publicados por doutos arqueólogos genebrinos, particularmente por MM. Galiffe, Grenus, Revillod, E. Mallet, Chaponière e Fick. Também fizemos grande uso das memórias da Sociedade de História e Arqueologia de Genebra.
No que diz respeito à França, o autor consultou vários documentos do século XVI, pouco ou totalmente desconhecidos, especialmente no que diz respeito às relações do governo francês com os protestantes alemães. Ele também lucrou com vários manuscritos e, por meio deles, pôde aprender alguns fatos relacionados com a primeira parte da vida de Calvino, que até agora não foram publicados. Esses fatos derivam em parte das cartas latinas do reformador, que ainda não foram impressas nem em francês nem em latim, e que estão contidas na excelente coleção que o Dr. Jules Bonnet pretende dar ao mundo, se tal obra receber do público cristão o incentivo que o trabalho, o desinteresse e o zelo de seu erudito editor merecem.
O autor, recorrendo habitualmente aos documentos franceses do século XVI, introduziu frequentemente no seu texto as passagens mais características deles. O trabalho do historiador não é um trabalho de imaginação, como o do poeta, nem uma mera conversa sobre tempos passados, como alguns escritores de nossos dias parecem imaginar. A história é uma descrição fiel de acontecimentos passados; e quando o historiador consegue relatá-los utilizando a linguagem daqueles que neles participaram, tem mais certeza de descrevê-los tal como eram.
Mas a reprodução de documentos contemporâneos não é a única tarefa do historiador. Ele deve fazer mais do que exumar do sepulcro em que dormem as relíquias de homens e coisas de tempos passados, para que possa exibi-las à luz do dia. Valorizamos muito esse trabalho e aqueles que o realizam, pois é necessário; e ainda assim não achamos que seja suficiente. Ossos secos não representam fielmente os homens de outros tempos. Eles não viviam como esqueletos, mas como seres cheios de vida e atividade. O historiador não é simplesmente um “ressurrecionista”: ele precisa – de uma ambição estranha, mas necessária – de um poder que possa restaurar a vida dos mortos.
Certos historiadores modernos realizaram esta tarefa com sucesso. O autor, incapaz de segui-los, e obrigado a apresentar aos seus leitores uma crónica simples e despretensiosa, sente-se obrigado a expressar a sua admiração por aqueles que assim conseguiram reviver o passado enterrado. Ele acredita firmemente que, se uma história deveria ter verdade, também deveria ter vida. Os acontecimentos dos tempos passados não se pareciam, na época em que ocorreram, com aqueles grandes museus de Roma, Nápoles, Paris e Londres, em cujas galerias contemplamos longas filas de estátuas de mármore, múmias e tumbas. Havia então seres vivos que pensavam, sentiam, falavam, agiam e lutavam. A imagem, seja o que for que a história possa fazer, terá sempre menos vida do que realidade.
Coleção composta pela série de livros do professor Jean-Henri Merle d'Aubigné, sobre a "História da Reforma no tempo de Calvino" de oito volumes.
[I.] Genebra e os primeiros Huguenotes; Reforma na França.
O Livro I da obra narra a luta de Genebra por sua liberdade política e religiosa no contexto da Reforma. Ao longo dos capítulos, descreve-se a tensão entre o povo genevense e três grandes poderes opressores: os Condes de Genebra, os bispos-príncipes e os duques de Saboia, que almejavam dominar a cidade. A obra mostra a crescente resistência popular, liderada por figuras como Berthelier e Bonivard, contra a corrupção clerical, a violência política e as alianças traiçoeiras do bispado com o papado e nobres locais. A narrativa culmina em martírios, prisões, levantes e na busca de alianças com os suíços, revelando como Genebra se transformou em símbolo da liberdade moderna e da Reforma protestante. Deseja-se destacar a importância da moralidade, da resistência civil e da fé reformada como fundamentos da liberdade duradoura.
[II.] França Favorável; Despontar da Reforma em Genebra.
Neste segundo volume da obra, acompanhamos a trajetória formativa de João Calvino na Universidade de Orléans, onde se destacou como estudante brilhante e começou a desenvolver sua fé reformada, influenciado por mestres como Wolmar. Sua experiência em Bourges marca seu chamado ao ministério evangélico, enquanto em Paris, sua atuação ganha força por meio de pregações e escritos que visavam à renovação da Igreja. Em paralelo, a narrativa descreve o martírio de Berquin e as tensões entre a Sorbonne e os reformadores, ao passo que a rainha Margarida de Navarra se torna uma defensora corajosa do Evangelho. Conflitos políticos e religiosos se intensificam, culminando na repressão de protestantes e na aliança entre a França e líderes protestantes alemães, como Filipe de Hesse. Ao final, mesmo diante de perseguições, a fé reformada avança, marcada por mártires, tratados diplomáticos e promessas de liberdade religiosa.
[III.] Hostilidade à Reforma na França; Lutas da Reforma
Este trecho da obra retrata os anos de perseguição à Reforma na França, focando especialmente na trajetória de João Calvino entre 1533 e 1535. Fugitivo após os primeiros conflitos, Calvino refugia-se em diversas cidades como Angoulême, Nérac e Poitiers, onde inicia sua atuação como pregador e consolida sua teologia. A narrativa destaca sua firmeza diante das concessões, seus embates com os libertinos e com Servet, e sua participação nos círculos reformistas da França e da Suíça. O clímax ocorre com a redação das Institutas da Religião Cristã, obra fundamental que defende os protestantes perseguidos. O cenário é permeado por martírios, repressão real, e a luta por liberdade de consciência diante da oposição católica.
[IV.] A discórdia da Inglaterra com o papado; Reforma Protestante na Inglaterra
O Livro VI da obra de Merle d’Aubigné narra o início da Reforma na Inglaterra, marcada pelo conflito entre a autoridade papal e o crescente poder do rei Henrique VIII, que, ao buscar o divórcio de Catarina de Aragão, rompe com Roma e submete o clero à coroa. Enquanto o Parlamento denuncia abusos e aprova reformas legais, figuras como Latimer e Tyndale impulsionam a Reforma Evangélica. A ascensão de Thomas Cromwell e a nomeação de Cranmer como arcebispo consolidam a separação da Igreja inglesa, mesmo em meio a perseguições, martírios e resistência clerical, dando início a uma nova ordem religiosa baseada na Escritura e na supremacia régia.
[V.] Inglaterra rompe com Roma; Reforma Protestante em Genebra.
"História da Reforma na Europa na Época de Calvino, Vol. 5 (de 8)", de J. H. Merle D'Aubigné, é um relato histórico escrito no final do século XIX. Este volume investiga o progresso da Reforma na Inglaterra, em Genebra e em outras regiões durante os tempos turbulentos da influência de Calvino. Ele se concentra em eventos e figuras decisivos, como a ruptura de Henrique VIII com o papado, a ascensão do protestantismo e o impacto de reformadores como Tyndale e Calvino no cenário religioso em transformação. No início do volume, o autor prepara o terreno para o tumulto político e religioso na Inglaterra por volta de 1534. Discute as implicações de uma conspiração liderada por Elizabeth Barton, uma jovem que afirmava ter dons proféticos, em oposição aos esforços da Reforma, o que gerou tensões entre a monarquia, o clero e o povo. O volume explora o surto inicial da reforma, a decisão de Henrique VIII de romper com o papado — motivado por razões pessoais e políticas — e o apoio crescente às ideias reformadoras entre figuras-chave na Inglaterra.
[VI.] A Reforma na Escócia; Calvino e os princípios da Reforma.
"História da Reforma na Europa na Época de Calvino, Vol. 6 (de 8)", de J. H. Merle D’Aubigné, é um relato histórico escrito no final do século XIX. Este volume enfoca o período da Reforma na Escócia, Suíça e Genebra, com ênfase nos desenvolvimentos teológicos e sociopolíticos durante a influência de Calvino. Provavelmente discute as lutas pela reforma religiosa e o impacto de figuras importantes como John Knox e Patrick Hamilton no movimento protestante escocês. A abertura do volume contextualiza a narrativa, delineando o pano de fundo histórico e os principais eventos que levaram à Reforma na Escócia. Introduz os primeiros influenciadores do movimento, abordando a importância histórica dos Culdeus, dos seguidores de John Wycliffe e de Patrick Hamilton. O texto descreve com elegância como as doutrinas da Reforma começaram a ressoar em toda a Escócia, destacando os temas centrais da fé, das Escrituras e da relação em transformação entre a Igreja e a sociedade escocesa. Também começa a explorar o tumultuado jogo de forças entre a nobreza local e a autoridade religiosa, que moldaria a trajetória da Reforma na região.
[VII.] A Reforma entre as nações Escandinavas; A Reforma na Hungria, Polônia, Boemia e Holanda.
"História da Reforma na Europa na Época de Calvino, Vol. 7 (de 8)", do Rev. J. H. Merle D’Aubigné, é um relato histórico escrito no final do século XIX. Este volume dá continuidade à exploração da Reforma Protestante durante o século XVI, com foco em figuras proeminentes como João Calvino e nos eventos que moldaram o cenário religioso da Europa. Ele investiga as dinâmicas complexas do governo de Calvino e seus princípios teológicos, destacando as lutas pessoais e institucionais inerentes ao movimento reformador. O início do volume fornece o contexto para o retorno influente de Calvino a Genebra após seu exílio inicial. Discute os desafios enfrentados pela igreja de Genebra, as deficiências dos ministros em atividade e a crise resultante que levou ao chamado por Calvino. O texto expõe o anseio da comunidade genebrina por seu líder firme e apresenta o dilema interior de Calvino enquanto luta com a decisão de retornar — enfrentando os temores de antigos conflitos, mas sentindo um chamado divino para restaurar a ordem e a fé na igreja. A narrativa enfatiza o clamor fervoroso dos contemporâneos de Calvino por seu retorno e prepara o terreno para a retomada de sua liderança e o restabelecimento de suas doutrinas em Genebra.c
[VIII.] Os mártires espanhóis; A Inglaterra; Reforma na Alemanha.
"História da Reforma na Europa na Época de Calvino, Vol. 7 (de 8)", do Rev. J. H. Merle D’Aubigné, é um relato histórico escrito no final do século XIX. Este volume dá continuidade à exploração da Reforma Protestante durante o século XVI, com foco em figuras proeminentes como João Calvino e nos eventos que moldaram o cenário religioso da Europa. Ele investiga as dinâmicas complexas do governo de Calvino e seus princípios teológicos, destacando as lutas pessoais e institucionais inerentes ao movimento reformador. O início do volume fornece o contexto para o retorno influente de Calvino a Genebra após seu exílio inicial. Discute os desafios enfrentados pela igreja de Genebra, as deficiências dos ministros em atividade e a crise resultante que levou ao chamado por Calvino. O texto expõe o anseio da comunidade genebrina por seu líder firme e apresenta o dilema interior de Calvino enquanto luta com a decisão de retornar — enfrentando os temores de antigos conflitos, mas sentindo um chamado divino para restaurar a ordem e a fé na igreja. A narrativa enfatiza o clamor fervoroso dos contemporâneos de Calvino por seu retorno e prepara o terreno para a retomada de sua liderança e o restabelecimento de suas doutrinas em Genebra.
----- A mais vasta e exaustiva obra sobre História da Reforma Protestante, agora em língua portuguesa. Um compêndio monumental, que até meados do século passado, em testemunho de sua excelência, figurava-se como livro-texto nas disciplinas de História da Igreja em muitas universidades inglesas.